segunda-feira, 3 de março de 2014

'Marcha da Família' pedirá 'intervenção militar' dia 22 Março em todo o Brasil


O assunto é polêmico e está ganhando repercussão nas redes sociais em diversos meios de comunicação nacionais. 

O governo ainda não se manifestou sobre a 'Marcha da Família' que pede intervenção militar e até prisão de políticos corruptos de prefeitos, vereadores à presidente da república se for o caso.

A nova Marcha da família, denominada "Marcha da Família e Intervenção Militar - SP e Brasil" diz que não se trata de Golpe Militar mas sim de uma 'intervenção' (veja mais aqui), em face, segundo os organizadores, dos desmandos do PT em um tipo de 'socialismo de ultra-esquerda' em conluio com a China, Rússia, Cuba e outros'.

Leia: Marcha da Família será reeditada 50 anos depois
Leia também: Lula critica Dilma e marqueteiros em reunião com petistas



A MARCHA - Até o momento, há centenas de eventos marcados no Facebook. O manifesto tem relação com a "Marcha histórica de 1964" onde grupos conservadores e religiosos levaram mais de 1 milhão de pessoas às ruas para apoiar o Golpe Militar contra o comunismo de João Goulart.
Os organizadores postaram o seguinte: [...] Somos a favor de Intervenção Militar, que é diferente de Governo, Regime ou Ditadura Militar (do qual em partes não aceitamos), a Intervenção tem como utilidade e finalidade dar ao Exército o direito de tratar político corrupto como ladrão e mandar para a prisão, desde prefeito até mesmo à Dilma! [...].

Reveja: Transamazônica, um dos elefantes brancos da ditadura militar
Recentemente, o governo Dilma prestou homenagens a João Goulart - reveja.

Historicamente, 'A Marcha da Família com Deus pela Liberdade' foi o nome comum de uma série de manifestações públicas organizadas por setores conservadores da sociedade brasileira em resposta ao comício realizado no Rio de Janeiro em 13 de março de 1964, durante o qual o presidente João Goulart anunciou seu programa de reformas de base. Congregou meio milhão de pessoas em repúdio ao Presidente João Goulart e ao regime comunista vigente em outros países.
A primeira dessas manifestações ocorreu em São Paulo, a 19 de março, no dia de São José, padroeiro da família. Articulada pelo deputado Antônio Sílvio da Cunha Bueno juntamente com o padre irlandês Patrick Peyton, nascido no Condado de Mayo, Irlanda, em 9 de janeiro de1909, fundador do Movimento da Cruzada do Rosário pela Família2 e ex-capelão estadunidense, com o apoio do governador Ademar de Barros, que se fez representar no trabalho de convocação por sua mulher, Leonor Mendes de Barros, organizada pela União Cívica Feminina pela Campanha da Mulher pela Democracia, patrocinadas pelo Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais, o IPES. (Wikipédia) 

Atualidade - No próximo dia 22 de Março de 2014, a população brasileira de centenas de cidades país adentro marcou milhares de eventos no Facebook, com o título: "Marcha da Família e Intervenção Militar - SP e Brasil"


O QUE POSTARAM OS ORGANIZADORES DA MARCHA DA FAMÍLIA NO FACEBOOK? VEJA ABAIXO:

A manifestação:

Manifestação pacífica e organizada com a finalidade de alertar o povo brasileiro sobre o risco que estamos correndo em estarmos prestes a sofrer um Golpe Comunista.
Lutaremos por Liberdade, Democracia, Liberdade de Expressão, fim do PT (juntamente com o Foro de SP, Dilma e Lula), Intervenção Militar para um reajuste político no Brasil.

*Motivos:

Somos a favor de Intervenção Militar, que é diferente de Governo, Regime ou Ditadura Militar (do qual em partes não aceitamos), a Intervenção tem como utilidade e finalidade dar ao Exército o direito de tratar político corrupto como ladrão e mandar para a prisão, desde prefeito até mesmo à Dilma!

*Sexo e Religião:

Com participações de fins religiosos no dia 22 de Março serão os brasileiros na rua, lutando por Liberdade e Democracia! A opção sexual e religiosa não estará sendo o principal motivo, portanto, independente de instituições de Direita, tanto religiosas como conservadoras estarão presentes, a participação de Homossexuais, Ateístas também será bem vinda desde que os mesmos sejam homossexuais e ateístas de boa índole, que sabem respeitar e que não apoiam as Ditaduras Gayzistas e intolerâncias ateístas, óbvio que não aceitaremos o movimento LGBT e instituições ateístas que são um tanto intolerantes. Portanto se você é inteligente, tolerante, é claro que serás bem vindo independente do sexo, religião ou cor.

*Nossa manifestação x Vândalos:

Já está confirmada, infelizmente, a participação de intolerantes grupos parecidos ou, dos Black Bloc e demais movimentos que vandalizam e criminalizam sempre a Direita, por tanto, siga as instruções de defesa (que estão na imagem) para que na hora não sofra agressões desses marginais (algumas páginas já estão promovendo o ódio e violência para este dia, contra nós, fisicamente) e não seja confundido com eles pela polícia.


Fonte: http://folhacentrosul.com.br

Vamos mudar essa palhaçada que chamamos de Brasil !!

MSB

domingo, 2 de março de 2014

1964, meio século depois


RICARDO VÉLEZ RODRÍGUEZ 

Há 50 anos eclodia a intervenção militar de 1964. Embora cogitada inicialmente como uma correção de rumo na desastrada ladeira por onde havia enveredado o populismo janguista, o regime castrense terminou durando mais do que se imaginara inicialmente e acabou por desgastar as Forças Armadas, em governos de força que se estenderam ao longo de duas décadas. Esse é um período suficientemente longo como para imprimir num país diretrizes novas e, também, para cometer erros conjunturais e estratégicos. Ora, ambas as coisas precisam ser analisadas, notadamente no ambiente universitário, que deve ser, nas sociedades hodiernas, o celeiro de ideias novas, bem como o filtro por onde passam os acontecimentos à luz crítica da razão, a fim de que, com esse patrimônio de ilustração, se beneficiem as gerações futuras. 

No caso da avaliação do regime militar, não foi isso exatamente o que ocorreu no Brasil. As universidades brasileiras, em especial as públicas, controladas a partir da abertura democrática pela esquerda raivosa, acabaram fazendo da memória de 1964 ato indiscriminado de repúdio aos militares e às diretrizes por eles traçadas, fazendo com que uma cortina de fumaça terminasse pairando sobre essa importante etapa da nossa vida republicana.

As coisas não mudaram com a chegada dos esquerdistas ao poder, notadamente no ciclo do lulopetismo. A criação, pelo atual governo, da “Comissão da Verdade” visando a uma “omissão da verdade”e que coloca sob os holofotes a repressão praticada pelo Estado sem, no entanto, relembrar nada do terrorismo praticado pela esquerda radical, está a revelar que pouco se progrediu nesse terreno. A finalidade prevista coma tal comissão é clara: torpedear a Lei de Anistia, que abriu as portas para a volta dos exilados e firmou o início da abertura democrática.

Falemos, inicialmente, dos desacertos de 1964. A grande falha consistiu, a meu ver, no viés autoritário do regime militar, decorrente do fato de que os profissionais das armas não estão habilitados para a chefia do Estado, toda vez que são preparados – como lembrou com propriedade o saudoso amigo Paulo Mercadante (1923-2013) em Militares e Civis: a Ética e o Compromisso (Rio de Janeiro: Zahar, 1978) – para defender com coragem e eficiência os interesses soberanos da Nação, à luz da ética de convicção weberiana, que se caracteriza pela fidelidade aos princípios, sem que haja preocupação com o resultado da ação. Falta aos nossos homens de armas a sensibilidade da ética de responsabilidade, que exige que o governante calcule, nas decisões tomadas, as consequências que decorrerão para a comunidade, sendo esta, segundo Weber, a ética dos políticos.

Em segundo lugar, anotaria mais este ponto: por formação, os militares estão preparados para gerir a unanimidade decorrente da hierarquia e da obediência do profissional das armas. Afinal, ninguém realiza assembleias no front, quando as balas silvam sobre a cabeça dos soldados. Eles cumprem as ordens dadas por seus comandantes, sem discussão. Ora, a política é o reino do dissenso, em decorrência da nossa natureza racional essencialmente dialética, condição já apontada por Aristóteles (384-322 a. C.) na sua Política. A organização da comunidade politicamente estruturada deve ser pensada como construção de consensos a partir do dissenso, não como eliminação pura e simples deste. Esse é o difícil trabalho dos homens públicos, que precisam armar sede dose infinita de paciência a fim de conciliar os interesses dos seus representados, os cidadãos que votaram neles.

Anotemos sumariamente os aspectos positivos do regime de 1964: a intervenção militar evitou que os comunistas tomassem o poder, instaurando uma ditadura do proletariado, com o banho de sangue que isso provocaria num país de dimensões continentais como o Brasil. A opinião pública sabe que o que a extrema esquerda buscava era isso. O Brasil não teve a sua “República das Farc”,com que se debate até os dias de hoje o governo colombiano, depois de meio século de guerra, graças à corajosa intervenção das Forças Armadas, notadamente do Exército, que aniquilou a possibilidade de um território controlado pelos terroristas, sendo essa a finalidade perseguida pela guerrilha do Araguaia.

No que tange à economia, o Brasil transformou-se num país industrializado. Consolidou- se a indústria petroleira e desenvolveu-se a petroquímica, bem como a siderurgia e a fabricação de maquinaria pesada. A engenharia deu um grande salto para a frente, com as obras públicas que pipocaram pelos quatro cantos do território nacional.

Acelerou-se, por outro lado, a indústria bélica – em que pese o fato da falta de continuidade de uma política para o setor, como tem sido analisado oportunamente por Expedito Bastos, do Centro de Pesquisas Estratégicas da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Efetivou-se, com o fantástico desenvolvimento das telecomunicações e com a política de abertura de estradas, a denominada – por Oliveira Vianna (1883-1951)–”circulação nacional”, unindo ao centro nevrálgico do poder as regiões mais afastadas e ligando estas às mais importantes áreas metropolitanas do País. O regime militar tinha um propósito, em que pese o viés autoritário evidentemente criticável. Mas hoje, 30 anos após os governos militares, carecemos de um projeto estratégico que nos indique para onde irá o País nas próximas décadas. Este é o grande desafio: costurarmos uma proposta estratégica, no contexto da democracia que conquistamos, superando o vezo tutorial que empanou o regime de 1964.

MEMBRO DO CENTRO DE PESQUISAS ESTRATÉGICAS DA UFJF E DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO BRASILEIRO, É PROFESSOR EMÉRITO DA ESCOLA DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO (ECEME)

FONTE: O Estado de S. Paulo via Resenha do Exército   -   http://www.forte.jor.br